Salvador sedia festival audiovisual que celebra cultura negra

Salvador sedia festival audiovisual que celebra cultura negra Fotografo:Jefferson Peixoto/Secom PMS

O Cine Glauber Rocha, no Centro, foi palco do Festival Internacional do Audiovisual Negro (Fianb), evento que chega à 5ª edição, sendo duas delas realizadas em Salvador, com abertura realizada na terça-feira (5). Este ano, com o tema "Cinema Pretoguês", a grande homenageada é Lélia Gonzalez, intelectual, ativista e antropóloga negra falecida em 1994.

Estiveram presentes no primeiro dia do evento o ator baiano Antônio Pitanga, profissionais do setor audiovisual e autoridades locais. O festival, apoiado pela Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), ocorre no mês em que a cidade promove um calendário de oficinas, atividades e painéis voltados ao desenvolvimento da economia criativa negra e do afroturismo, tendo como destaque o Festival Salvador Capital Afro, cuja abertura será nesta quarta-feira (6).

O Fianb ocorre em diferentes formatos e locais, incluindo os cinemas iAMO e o Cine MAM. Até sexta-feira (8), último dia do festival, o público poderá assistir a mostras de filmes brasileiros e internacionais, participar de debates sobre a circulação de produções negras e um seminário internacional focado na presença afro-diaspórica no audiovisual. As inscrições podem ser feitas através do link https://linktr.ee/associacaoapan.

"É uma grande alegria para nós estarmos aqui em Salvador pela segunda vez, com esse tema incrível que é o cinema em português. Para a abertura, temos a honra de receber Antônio Pitanga, que é um verdadeiro patrimônio do cinema, não só baiano, mas também brasileiro e mundial — e que ninguém fique com ciúmes! Então, para nós, é uma honra imensa estar aqui em Salvador, em novembro, dentro dessa programação tão linda que é Salvador Capital Afro, contando mais uma vez com o apoio da Prefeitura", comentou a coordenadora do Fianb, Tatiana Carvalho.

A programação inclui filmes brasileiros e estrangeiros. "Temos uma parceria com o festival de Cabo Verde e, também, com o Fórum Itinerante do Cinema Negro, que traz filmes do Caribe, de Guadalupe e da Martinica, possibilitando diálogos sobre o que temos e compartilhamos em cada lugar", completou Tatiana.

Impacto – O titular da Secult, Pedro Tourinho, destacou a importância do investimento municipal no fortalecimento da cultura e história da população negra da cidade. Ele também reforçou a visão do festival internacional de audiovisual como uma plataforma que valoriza essa identidade e projeta a cultura negra no cenário nacional e internacional.

"Esse investimento da Prefeitura é um reconhecimento do poder e da riqueza da população negra de Salvador e de sua cultura. Queremos dar protagonismo às pessoas que são verdadeiras detentoras dessa história e cultura. Hoje, o festival internacional de audiovisual é uma peça fundamental nesse processo, porque acreditamos que o cinema e o audiovisual são grandes forças de influência e de construção de identidade. Além disso, são pilares da economia criativa, tanto globalmente quanto na estratégia de desenvolvimento de Salvador para os próximos anos", disse Tourinho.

Para a gestora do SalCine, Milena Anjos, Salvador é uma cidade propícia para sediar o Fianb. "Cito o Antônio Pitanga. No ano passado, ele disse em um dos nossos eventos que 'Salvador é uma cidade criativa, por onde tudo passa'. Não faria sentido um festival de cinema brasileiro que não passasse por aqui. Apoio essa ideia, pois as três primeiras edições do festival aconteceram em São Paulo, mas no ano passado conseguimos trazê-lo para a capital baiana. Não fazia sentido que esse festival, que exalta a cultura negra, não fosse realizado na cidade mais negra fora da África", salientou.