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Três bairros do Subúrbio de Salvador estão com surto de chikungunya

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Três bairros do Subúrbio de Salvador estão com surto de chikungunya
Foto: Reprodução

Moradores de cinco ruas de três bairros do Subúrbio Ferroviário de Salvador estão convivendo com um surto de chikungunya, doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti, o mesmo da dengue e zika, e Aedes albopictus. A informação foi confirmada pela diretora da Vigilância em saúde da Secretaria da Saúde de Salvador, Geruza Moraes.


Segundo Geruza, de maio a junho de 2017, foram notificados 171 casos suspeitos da doença nos três bairros. Desses, 41 amostras de pacientes foram coletadas, 27 deram resultado positivo para chikungunya e outras cinco estão em investigação.


Em Coutos, foram 55 casos notificados e 22 confirmados na Rua Setúbal. Já em São João do Cabrito, os casos estão distribuídos em três ruas: São Paulo, Sá Oliveira e Ferroviário. Nessas três ruas foram 72 casos notificados e cinco já confirmados. O terceiro bairro com surto da doença é Alto de Coutos que tem 44 casos notificados na Rua Caixa D´Água.


"A vigilância epidemiológica do município visitou o local e realizou coleta de material para investigação, além da busca ativa de outros possíveis casos suspeitos. Esses casos foram descobertos por nossos agentes de campo. Não foram notificados em postos porque a maioria das pessoas não buscou atendimento", explica Geruza.


Ela esclarece que entre os pacientes há muitas pessoas que dependem do trabalho no mar. "Temos conhecimento de pescadores e marisqueiras que não estão conseguindo trabalhar por conta das dores que estão sentindo. A chikungunya é uma arbovirose que incapacita o indivíduo. As pessoas não se reestabelecem muito rápido. Há casos de gente que fica mais de dois anos sentindo as dores", pontua Geruza.


'Dores terríveis'


Na manhã desta quinta-feira (13), o CORREIO esteve na Rua Setúbal e entrevistou moradores da região, como o pescador Isaías de Jesus, 50 anos, que há oito dias sofre com a doença. “Que mosquito miserável. Nos primeiros dias, sequer saí da cama. Conseguiu me derrubar, eu que pesava 100 quilos”, declarou, exibindo o resultado do exame positivo para chikungunya.  


Mesmo doente, voltou ao trabalho ontem. “Tenho duas filhas para criar. Apesar das dores terríveis no corpo todo, não posso ficar parado. Não tenho a mesma força de antes. Hoje, conto com ajuda de outros pescadores para carregar o motor do barco, o que antes fazia só tranquilamente. Não desejo isso ao meu pior inimigo”, contou.

O auxiliar de produção Ueverton Ferreira dos Santos, 28, também é uma das pessoas que passa por tratamento da doença. “Sinto dores nas articulações, tonturas, náuseas. Os sintomas começaram há dois meses e há um mês fiz o exame que deu positivo para chikungunya”, disse o rapaz, que exibia o rosto e os braços cobertos de picadas de mosquitos. “Isso foi só hoje à noite”, declarou.


Segundo ele e os demais moradores, o foco da doença está num córrego que está à margem da linha do trem. “A água parada está cheia de larvas do mosquito. Já pedimos providências, mas nada é feito até agora”, disse ele, fazendo referência à Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB) que seria responsável pela limpeza da área. “Os moradores não aguentam de tanto mosquito. Estão jogando até óleo queimado no córrego como paliativo”, complementou – segundo os moradores, o óleo forma uma camada sobre a água e impede que o mosquito deposite as larvas.


Inspeção


A diretora da Vigilância em Saúde da SMS, Geruza Moraes, relata que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) realizou inspeção para identificação e eliminação de possíveis focos do principal mosquito transmissor, o aedes aegypti. Foram realizadas ações como aplicação de inseticida, mutirão de limpeza e distribuição de material educativo a fim de conscientizar a população sobre a importância de contribuir para a eliminação de focos do mosquito.


"Na semana passada, foram retiradas só da Rua São Paulo em São João do Cabrito três toneladas de lixo com o apoio da Limpurb. É preciso que as pessoas se conscientizem e descartem o lixo no local adequado", explica a diretora da vigilância.


"Não há uma razão única para o surto estar acontecendo. No caso das arboviroses, que são transmitidas por mosquitos, o cuidado com o descarte de lixo é um dos fatores que colaboram com o aumento no número de casos associados ao armazenamento inadequado de água".